Com 22.059 habitantes, Serro foi a primeira cidade de Minas que teve seu conjunto arquitetônico tombado pelo IPHAN, é terra do famoso queijo do Serro e dos pequenos distritos e vilarejos.
Primeira cidade brasileira tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional, Serro guarda importantes templos, casarios coloniais e rica cultura imaterial. Foi durante o ciclo do ouro o principal município do norte de Minas Gerais e mantém até os dias atuais belíssimos distritos e povoados, como, Milho Verde, São Gonçalo do Rio das Pedras, Capivari, Deputado Augusto Clementino (ex Mato Grosso), dentre outros.
A história do povoamento do Alto Jequitinhonha encontra seus primeiros indicativos na exploração do ouro na Vila do Serro Frio, hoje cidade do Serro, nas margens e entorno da cabeceira do rio Jequitinhonha. Do Serro, originou-se posteriormente a maioria dos aglomerados populacionais da região.
O município fica nas vertentes da Serra do Espinhaço, uma série de alinhamentos montanhosos que atravessa o Brasil central na direção norte sul. A paisagem do município é marcada por elevações e picos importantes. Nos planaltos interserranos e vales correm dezenas de riachos que formam as cachoeiras que se espalham pelo município. Há algumas cachoeiras próximas à cidade, como a do Malheiros e a Cascatinha. As mais visitadas, no entanto, ficam no povoado de Capivari e nos distritos de Milho Verde e de São Gonçalo do Rio das Pedras.
A vegetação nativa é composta por cerrado e campos rupestres. Muitas manchas de cerrado com árvores como o ipê, a candeia, o cedro, entre outras, ainda podem ser encontradas próximas às nascentes e cachoeiras. Os campos rupestres estão presentes nas porções mais altas do relevo, desenvolvendo-se sobre os afloramentos de rocha e exibem uma beleza incomum, com arbustos retorcidos, que mesclam o verde de suas folhas ao cinza dos quartzitos. É uma paisagem de muita rusticidade com variadas formas bordadas pela vegetação e entremeadas pelos afloramentos rochosos. Os campos rupestres são importantes tesouros de biodiversidade do planeta, pois guardam espécies vegetais raras e endêmicas como algumas orquídeas que só ocorrem na Serra do Espinhaço.
O Parque Estadual Pico do Itambé ocupa parte do município do Serro. Abrange, em seus domínios, várias nascentes e cabeceiras de rios das bacias do Jequitinhonha e do Doce. Nos vales, onde a umidade é maior, desenvolve-se uma vegetação arbórea mais exuberante que abriga espécies de animais ameaçadas de extinção como, por exemplo, o lobo-guará. No Parque situa-se o Pico do Itambé, com seus 2.002 metros, um dos marcos referenciais do Estado.
Para quem busca contato direto com a natureza, nos arredores das vilas há espaço para caminhadas, cavalgadas, rapel, trilhas para bicicleta e travessias. Foi em torno da mineração que a cidade se formou, no começo do século XVIII; no entanto, o seu principal conjunto arquitetônico, ainda em parte preservado, é da segunda metade do século XIX.
Serro tem tombamento federal de seu Conjunto Arquitetônico e Urbanístico desde 1938, pelo atual IPHAN. Há tombamento isolado no perímetro urbano de quatro monumentos: Igreja de Nossa Senhora do Carmo, Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, Igreja do Bom Jesus de Matozinhos e uma residência. Existe ainda proteção estadual de bens imóveis inseridos fora do núcleo urbano: a Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres, que fica no distrito de Milho Verde e a Igreja de São Gonçalo, no distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras. E proteção municipal da Igreja de Santa Rita, de algumas casas, do Cemitério e do Sobrado da Prefeitura, na sede, e do Rancho de Tropeiro, em São Gonçalo do Rio das Pedras. A ornamentação interna dos templos se destaca, sobretudo a pintura em perspectiva dos forros. Também as preciosas técnicas construtivas nas capelas e igrejas.
O atual acervo arquitetônico do município é identificado pela homogeneidade do conjunto e pelo traçado irregular, acompanhando a topografia. Foi em torno e pela riqueza advinda da mineração que a criação da antiga Vila do Príncipe do Serro Frio se delineou. Neste período, a Vila do Príncipe era residência das mais altas autoridades como um importante pólo de todo o norte de Minas. É também terra natal de José Américo Lobo de Mesquita, Mestre Valentim, Joaquim Felício dos Santos, Nelson de Senna, Teófilo Otoni e vários outros nomes de grande importância na história do cenário nacional.
A vitalidade cultural se manifesta em suas festas, tradições e produção artesanal. A festa de Nossa Senhora do Rosário e o Congado, os catopés e outros expressivos grupos, são marcados pela forte identidade de origens africanas, indígenas e européias. É na Festa do Rosário dos Negros, onde há o encontro do sagrado com o profano, que a constituição e a edificação da cultura das Minas se tornam mais visíveis. A ciência popular – o uso das ervas, as benzeções e os curandeiros – também compõem a riqueza cultural do Serro. As danças tradicionais dos marujos e caboclos, de origem africana com o contato indígena e europeu, são uma das atrações da festa do Rosário. Legado dos povos, os humildes, os pretos, os escravos.
A atividade agropecuária permitiu aos serranos a feitura do conhecido “queijo do Serro”, tombado como Patrimônio Imaterial, pelo IEPHA/MG, sendo o primeiro registro do Livro dos Saberes e foi inscrito também como Patrimônio Cultural Brasileiro no Livro de Registro dos Ofícios e Modos de Fazer. Há fazendas abertas a visitação para conhecer o processo de fabricação e degustação do queijo.