Com 2.963 habitantes, o município se destaca pelo Parque Estadual do Rio Preto, considerado um dos mais bonitos de Minas Gerais.
São Gonçalo do Rio Preto é uma pequena cidade do Alto Jequitinhonha, cujo nome homenageia o padroeiro e o rio que corta a cidade. As terras do município foram, no tempo da antiga Diamantina, pertencentes ao contratador João Fernandes de Oliveira, marido da polêmica Xica da Silva. No município está situado o Parque Estadual do Rio Preto, considerado um dos mais bonitos de Minas Gerais.
A edificação da Capela de São Gonçalo, na primeira metade do século XVIII, é um dos marcos iniciais do arraial. A fundação e o desenvolvimento econômico local devem-se à mineração do ouro e do diamante, atualmente pouco expressiva. É na fertilidade de suas terras com a criação de gado que a maioria dos habitantes garante sua sobrevivência.
Os antecedentes históricos registram a presença de ruínas de uma fabrica de ferro, no povoado de Bonfim, hoje, um pequeno lugarejo salpicado por pequeninas casas. Saint-Hilaire, no ano de 1817, relata a existência da fabrica em pleno funcionamento, e afirma o prazer em contemplar naquelas forjas um espetáculo da indústria e do trabalho.
É no espaço urbano que a história local toma vida, na parte baixa da cidade, no largo da capela do Senhor Bom Jesus de Matozinhos, onde, originalmente, era ponto de pouso dos tropeiros. Da memória dos moradores houve-se que até 100 animais rompiam a noite à espera da luz do dia para iluminar as picadas e seguir rumo a Diamantina. As tropas vinham da região produtora de alimentos no Alto do Rio Doce se somar à produção de Rio Preto e outras localidades vizinhas para abastecerem os povoados mineradores dessa região.
A produção de vinho também teve lugar no passado. Produzido e consumido, localmente, o excedente era exportado para os distritos vizinhos e para Diamantina. Utilizavam-se uvas do tipo americana.
Os variados modos de expressão cultural, em Rio Preto, se dão no falar com o outro nas portas das casas, no baile, na casa do amigo, na chegada do padre, na plantação ou na colheita. Também nos hábitos cotidiano e, principalmente, nos alimentares: é famoso o frango caipira ao molho pardo, cozido no fogão a lenha, acompanhado de angu.
Na beira rio, é comum a presença das lavadeiras, juntamente com seus filhos que brincam e jogam futebol, maré, cinco Maria, bolinhas de gude, etc. Também é cultural tomar banhos nas praias de areia brancas, onde, muitas vezes, encontram-se vestígios de fogueiras que nos informam que por ali a noite foi de prosa e cantoria.
Mas é, sobretudo, no mês de agosto, precisamente no dia 15, que Rio Preto torna-se foco de atenção e de visitantes de todo o estado, para as comemorações de Nossa Senhora do Rosário. As ruas se enchem do colorido dos trajes dos “marujos” e de sons dos tambores, violas, recorecos, paias, sanfonas, adufes, pandeiros e cantorias. É dia de fartura, dia de comer e beber, sem constrangimento.
Encontra-se no município alguns artesãos em atividade, confeccionando cestos, balaios e forro de casa em taquara, esculturas e utilitários em cerâmica, celas e chicotes em couro e pinturas em madeira e porcelana.
O Parque Estadual do Rio Preto é uma importante área de preservação da região. Ocupa 1/3 do município em uma área total de 10.755 hectares. Está aberto à visitação e conta com inúmeros atrativos com destaque para o pico Dois Irmãos, com 1.826 metros de altitude, as cachoeiras do Crioulo e da Sempre-viva, as pinturas rupestres e os mirantes naturais. Sua vegetação é composta por cerrado nas encostas, colinas e áreas mais baixas; campos rupestres sobre os afloramentos de rochas, nas áreas mais elevadas, e matas de galeria acompanhando os cursos d’água. A flora é variada e possui espécies endêmicas, principalmente nos campos rupestres, como alguns raros exemplares de orquídeas, plantas carnívoras e canelas de ema. Com relação à fauna, existem algumas espécies ameaçadas de extinção como o lobo-guará, o tamanduá-bandeira e a jaguatirica.
No caminho do Parque destacam-se também os distritos de Santo Antônio e Alecrim, pertencentes ao Programa Turismo Solidário, com residências que recebem turistas interessados em trocas culturais, vida simples e belas paisagens.