Com 4.332 habitantes, Couto de Magalhães está situada nas cristas e topos da Serra do Espinhaço, numa região de rara beleza.
Como outras cidades do Alto Jequitinhonha, o povoamento de Couto de Magalhães de Minas aconteceu no início do século XVIII, quando ouro e diamante foram encontrados às margens do rio Manso. O nome da cidade é uma homenagem ao político, escritor e cientista, nascido em Diamantina. A paisagem natural do município é muito bonita. É marcada pelas cristas e topos da Serra do Espinhaço e pelas chapadas modeladas pelo trabalho dos rios, durante milhares de anos. A geologia é composta principalmente pelos quartzitos. O principal rio da região é o Jequitinhonha, mas diversos córregos escorrem por entre as vertentes em sua direção. São muitas as opções de cachoeiras, com destaque para a do Tomé, do Cabrito, dos Moinhos, da Fábrica, dos Vaqueiros, do Bananal, Sumidouro e uma lagoa de água azul chamada Água Santa.
Atravessar a cidade de Couto de Magalhães é reviver a memória das tropas. Seus caminhos serviram para muitos percursos rumo a Diamantina e toda a região mineradora. O conjunto de serras que formam o maciço do Espinhaço servia como guia para as famosas “pedras brancas”, os diamantes, a riqueza mais cobiçada pelo homem do século XVIII. A sua localização, próxima a Diamantina e no sentido do nordeste de Minas, possibilitou que ali fosse um dos locais mais procurados para pousos de tropas. Isto fortaleceu o comércio, embora o declínio da mineração atingisse toda a economia local.
Um segundo momento da história deste povoado foi iniciado com a decadência da mineração. O lugar possui terras férteis, das melhores da região para cultivo. Passaram, então, a plantar árvores frutíferas, chegando a atingir escalas altas na produção do vinho.
Dos tempos do período colonial, é possível observar, ao percorrer a cidade, que é cortada pela BR-367, um conjunto urbano com diversas técnicas construtivas nas fachadas residenciais. Os vestígios dessas técnicas, como o pau-a-pique, o adobe, os muros de pedras e a canga moída também relembram estruturas de trabalho construídas pelos escravos.
As formas de ocupação e modos de viver, que construíram lentamente o acervo cultural material e imaterial da região, convivem com novos valores. O contexto em que fora erguido o conjunto urbano não tem datação precisa. Os primeiros edifícios, hoje tombados pelo Patrimônio Estadual, foram a Matriz de Nossa Senhora da Conceição, que possui como um de seus destaques a pintura do forro da capela-mor com a Virgem da Conceição, querubins e guirlandas, e a Capela do Bom Jesus de Matozinhos, com retábulos pintados e esculpidos ao estilo rococó.
Atualmente, a principal atividade econômica é a agropecuária, seguida de comércio e mineração. Sua paisagem urbana principal conserva elementos remanescentes da época de sua criação. Sua bonita topografia é mesclada pelos seus belos campos de sempre-vivas com montanhas de pedras e abundantes veios de água.
Este pequeno povoado foi habitado, em grande maioria, por escravos trazidos para a exploração do diamante, ouro e atividades diversas, como, por exemplo, a fabricação de fubá. Em uma fazenda próxima encontram-se três moinhos em funcionamento, um ao lado do outro, datados das últimas décadas do século XVIII.
Ao atravessar a cidade pela via principal encontra-se uma pequena produção artesanal, em taquara que religa, através de suas tramas e cores, aos ancestrais africanos. A associação “Arte Couto” é a principal plataforma dos talentos da terra: colchas de retalhos, bonecas de palha, artesanato em madeira, peças de couro, tecelagem, oratórios, cestas de bambu, tecido de flores, arranjos, tricô, crochê e quadros que retratam a paisagem e o cotidiano local.
Dentre as festividades tradicionais religiosas, destaca-se a festa de Nossa Senhora do Rosário, que acontece no período de setembro a outubro, anualmente. A festa, de devoção popular, sempre contou com a presença dos negros como músicos das folias do Divino. É quando a cidade atrai o maior número de turistas.
A 12 quilômetros da sede está o antigo povoado de São Gonçalo das Canjicas, formado por negros que trabalhavam nos garimpos de diamante. Eles encontraram uma imagem de São Gonçalo, cuja devoção continua viva nos festejos em sua homenagem, com a presença da Guarda de Marujos, conhecida na região como Gajeiros de Couto de Magalhães de Minas. Comemoram também a festa de Nossa Senhora do Rosário com reza, levantamento de mastro, missa festiva e procissão acompanhada pela Guarda de Marujos de Couto de Magalhães de Minas.